Dicas para um outono com
saúde
Neste período é comum as crianças apresentarem doenças e
indisposições
Por
Dra. Priscila Zanotti Stagliorio
Pediatra
e Médica de Emergência Infantil
No outono é comum os prontos socorros infantis ficaram mais
movimentados com a procura por atendimento para as mais variadas causas de
alergias respiratórias, febres repentinas e doenças da estação. No texto de
hoje vou falar sobre as principais doenças desta estação e como os pais podem
se prevenir para evitar possíveis infecções e contágios.
Outono:
Oficialmente, no Brasil, o outono começa no dia 20 de março,
antecedendo o inverno e é um dos períodos com maior variação climática do que
as outras estações. Os dias são mais curtos e as noites mais longas, com
apresentação de baixa umidade do ar, nevoeiros pela manhã e incidência de
ventos.
Principais agravantes do outono:
Por se tratar de um período de transição é comum acordarmos e
ao abrir a janela ver um lindo dia de sol e logo após as três da tarde (por
exemplo) o dia mudar de repente e se tornar noite, com formação de nuvens
pesadas de poluição e água, além da queda brusca de temperatura. Essas mudanças
são favoráveis para o aumento significativo de doenças alérgicas e
inflamatórias como bronquiolite, pneumonia, gripe, resfriado, meningite, asma e
laringite.
A febre também é um alarme importante para a identificação de
vários diagnósticos e tratamentos. Porém, ainda, é um mito para muitos pais que
não conseguem distinguir as suas variações e já correm para o pronto socorro
infantil expondo seus filhos à outras doenças. Devido a isso, também citarei
como identificar os diferentes níveis de temperatura e quando devem recorrer ao
atendimento de emergência.
Lembre-se que o mais importante que ao perceber os primeiros sinais de
qualquer doença, é importante falar sempre com o pediatra de rotina e solicitar
uma consulta de avaliação presencial. Procure o pronto socorro infantil somente
nos últimos casos, quando não se pode falar com o médico e ou para uma
emergência, pois a criança ficará exposta a outras doenças enquanto aguarda
atendimento no PSI. Siga corretamente as indicações e recomendações de cuidados
ofertados pelo médico e não se baseie em relatos de pessoas que vivenciaram
situações similares. Cada criança é única e precisa de atendimento
personalizado. O que funciona para uma criança pode não ser o recomendado para
outras. Caso a criança já esteja doente e apresente sinais de febre, cansaço e
apatia, além dos cuidados médicos, é importante deixá-la em repouso por alguns
dias para sua reabilitação.
Saiba mais sobre as doenças:
- Bronquiolite: trata-se de uma doença provocada por diversos vírus, tendo
como mais comum o sincicial respiratório (VSR), que causa a inflamação dos
bronquíolos – parte final dos brônquios – e apresenta sintomas de infecções
virais da via aérea superior, com febre e coriza. Por isso o diagnóstico, nos
primeiros dias, pode ser confundido com outras doenças.
- Pneumonia - saiba o que é: é uma doença de cunho inflamatório que pode ser originada de
bactérias, vírus, fungos e ou parasitas no pulmão e afeta os alvéolos (sacos de
ar microscópicos). Temos milhões de alvéolos no pulmão, que compõem as
estruturas estéreis, livres de quaisquer microrganismos causadores de doenças.
Seus principais agentes de contágio são os Streptococcus pneumoniae,
Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, microplasma,
clamídia e Hemophilus.
- Gripe: é uma infecção
respiratória causada pelos vírus da família Influenza, da qual existem diversos
tipos conhecidos como “cepas” e que podem promover quadros de moderados a
graves, dependendo da imunidade do paciente. Provoca febre, mal-estar e
sintomas que podem deixar a pessoa prostrada.
- Resfriado: também é provocada por meio de infecção respiratória viral,
oriunda de múltiplos vírus como Rinovírus, Adenovírus, Parainfluenza. Diferente
da gripe, não provoca febre, mas pode confundir os pais no diagnóstico devido a
coriza e mal-estar ocasionados nas crianças.
- Meningite – principais tipos: Streptococcus pneumoniae (pneumococo) – mais comum e pode provocar infecções de ouvido e pneumonia.
Existe vacina para combatê-la. / Neisseria
meningitidis – é extremamente contagiosa e afeta principalmente
adolescentes e jovens adultos. Se espalha na corrente sanguínea por meio de
infecções respiratórias. / Haemophilus
influenzae – comum no contágio em crianças, essa bactéria está
controlada no Brasil por meio da vacina, que protege e imuniza contra a
transmissão a partir de infecções no trato respiratório. / Listeria monocytogenes – mulheres grávidas, idosos,
recém-nascidos e pessoas com baixa imunidade são mais aptas ao contágio,
enquanto a maioria das outras pessoas não apresentam sequer os sintomas. / Meningite fúngica – pode elevar
ao estado agudo da doença e apresenta sintomas semelhantes aos da meningite
bacteriana. Atualmente é menos comum e não é transmitida de pessoa para pessoa.
- Asma – causada por inflamação
crônica das vias aéreas, se manifesta a qualquer sinal de irritação tais como,
por exemplo: poeira, poluição, fumaça do cigarro, pólen, mofo, ácaros, pelos de
animais e fragmentos de insetos. Substâncias como desinfetantes, produtos de
limpeza, tintas, aroma de cosméticos e ou de perfumes são comumente no
diagnóstico de asma. Em geral, os sintomas mais comuns são tosse, chiado,
cansaço e falta de ar. O diagnóstico e tratamento deve ser realizado pelo
pediatra ou pelo especialista indicado por ele.
- Laringite: trata-se da inflamação da laringe com sintomas de rouquidão,
perda de voz parcial ou total e é provocada pela fala excessiva e infecção
viral. Em geral não dura mais que duas semanas, porém, ao menor sinal da doença
é importante a procura pelo pediatra para avaliação presencial.
- Febre - conheça as variações: a febre é sempre o indicio de algo de errado no corpo. Pode
ser leve e moderada, tendo sua aparição repentina e sumiço também da mesma
maneira. Como protocolo, sempre recomendo aos meus pacientes que conversem com
o pediatra antes de sair correndo para o pronto socorro, pois na boa intenção
de buscar ajuda muitas vezes podem expor seus filhos à outras doenças que ali
estão instaladas e em outras crianças. Para entender mais, saiba o que
significa cada grau de temperatura: 35ºC ou menos significa hipotermia; 36 a
37,5 é considerado como normal; 37,7 já é estado febril; 37,8 a 39,5 já
chamamos de febre; 39,6 a 41 é febre alta; e acima de 41,2 é diagnóstico de hipertermia.
Recomendações finais para um outono saudável!
- Ambientes: é importante
manter os locais arejados com as janelas abertas para renovação do ar e os
ambientes limpos, preferencialmente com água e panos úmidos – evite vassouras,
se possível, para não levantar pó. Evite acumulo de brinquedos e ou objetos no
quarto e locais onde as crianças costumam ficar. Tapetes e cortinas podem ser
retirados circulação para evitar alergias e doenças respiratórias. Evite ficar
períodos longos em locais fechados (cinemas, shoppings, salões, etc.) com o
propósito de evitar o contágio de doenças virais e bacterianas comuns do
outono.
- Higiene: recomenda-se que as
crianças (e os adultos também) lavem as mãos com frequência para evitar
contaminação e contágio de doenças respiratórias e gastrointestinais,
especialmente após o uso do banheiro. Os brinquedos merecem atenção, assim como
os objetos de uso diário, devido a probabilidade de maior incidência de pó.
- Vacinação: nesta época do ano é importante estar com todas as vacinas em
dia, pois existem muitas doenças virais no ar e podem ser transmitidas e contagiar
àqueles que ainda estão desprotegidos. Para quem pode, é essencial aderir à
vacina da gripe – existe aplicação na rede pública para determinados públicos e
na rede particular, com custos variados.
- Alimentação: a base da
imunologia do nosso corpo também está alicerçada na alimentação e, devido a
isso, é importante manter refeições equilibradas para garantir uma saúde “de
ferro’, especialmente para as crianças. Como dica, sugiro que os pais optem por
alimentos orgânicos e saibam a procedência (se possível), evitem produtos
industrializados e deem preferência por sucos naturais e ou água para
hidratação do corpo. Lembre-se que estamos em período de clima mais frio e as
crianças precisam se hidratar. Em dias com temperatura mais amena, opte por
sopas e caldos com legumes, proteínas e verduras.
- Roupas: como no outono existem
variações climáticas, nunca sabemos ao certo como nos vestir no período de uma
semana, por exemplo. Haverá dias que serão mais quentes e outros mais frios, ou
ainda dias que mesclam as duas temperaturas. O mais importante é garantir
vestes apropriadas para evitar exposição errada a qualquer um dos dois climas.
Opte por materiais que não provoquem alergia nas crianças e as deixem
confortáveis. Lembre-se: a beleza das roupas não é mais importante do que a
segurança e comodidade.
- Na Escola: ao primeiro
sinal de doença infectocontagiosa, não envie a criança para a escola. Caso
tenha algum coleguinha que esteja doente e seu filho tenha tido contato direto,
fale com o pediatra sobre como proceder. Também, recomende aos professores e
cuidadores que se certifiquem das condições de higiene (pó) nos locais fechados
e com os brinquedos compartilhados. Todo cuidado é pouco para evitar a
proliferação de doencinhas.
- Automedicação: nunca
automedique a criança mesmo que apresente sintomas similares a doenças que
adquiriu antes. As bactérias são resistentes e ao medicá-la inapropriadamente,
ao invés de curar, é possível o crescimento de uma doença e a evolução para a
superbactéria. Siga o protocolo indicado pelos especialistas, sobretudo pelo
pediatra de rotina da criança, que já conhece o histórico do paciente, assim
como reações alérgicas e outras possíveis reações.
- Sem neurose: embora o
outono seja um período de transição entre o verão e o inverno, com climas
mesclados entre as duas estações, não podemos privar as nossas crianças de uma
vida normal. Leve-as aos parques públicos em dias favoráveis, divirtam-se
bastante e aproveite os cobertores nas noites mais frias para assistir um bom
filme comendo pipoca! Bom outono para todos e sempre contem comigo!
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Sobre
Dra. Priscila Zanotti Stagliorio: é médica pediatra há mais de
dez anos, atua na zona norte de São Paulo, em consultório particular, no Pronto
Socorro do Hospital São Camilo – unidade Santana, e na rede Dr. Consulta –
unidades Tucuruvi e Santana. Em seu currículo possui diversas participações em
congressos, cursos de especialização e atuações em prontos socorros, clinicas e
ambulatórios médicos da grande São Paulo – Capital. Oferece curso personalizado
para gestantes e mamães com recém-nascidos, com o objetivo de ajudá-las na mais
importante missão de suas vidas: ser mãe. Para solicitar informações sobre os
cursos escreva para:
priscilazs@yahoo.com.br / dicasdepediatraemae@gmail.com - coloque no
assunto a informação que deseja saber e ou solicitar. O consultório está
localizado na Av. Leôncio de Magalhães, 395, Santana- SP / 11- 2977-8697.
Colaboração textual:
Jornalista Carina Gonçalves – MTB 48326
JCG Comunicação e MKT
11-4113-6820 / 11-98092-6021 (Oi e Whats)
carinacgoncalves@gmail.com