Pedofilia
O
perigo pode estar mais perto do que se imagina
As crianças, geralmente, apresentam sinais
importantes dos quais os pais devem ficar alertas
Por
Dra. Priscila Zanotti Stagliorio
Pediatra
e Médica de Emergência Infantil
Hoje
vou falar sobre a pedofilia, um tema delicado, polêmico e em alta,
especialmente por estar sendo retratado em telenovelas e, também, por ter sido
notícia nos principais veículos de comunicação na última terça-feira (20/02/18)
com a operação da Polícia Federal que resultou na prisão de mais de 50 homens
suspeitos desta prática. Trata-se de um crime hediondo que causa consequências
incalculáveis para as vítimas. Não consigo imaginar e aceitar tais ações contra
uma criança, ainda mais sendo mãe e pediatra. Precisamos falar sobre este tema
e quebrar tabus para protegermos a infância e a inocência de um futuro feliz.
O que é pedofilia:
Em
termos gerais, a pedofilia é considerada como um transtorno psiquiátrico no
qual um adulto ou adolescente mais velho desenvolve atração sexual primária ou
exclusiva por crianças, em geral com menos de 11 anos de idade, conhecida como
a fase pré-púberes. A pedofilia é caracterizada pelo ato sexual (coito),
estimulação genital e carícias sensuais realizadas na vítima ou no corpo do
agressor (quando a criança é estimulada a tocar o adulto), além de atos que
possam constranger a criança como demonstração de órgãos sexuais e cenas de atentado
ao pudor – com fotos, vídeos e áudios.
Perfil dos pedófilos:
Segundo
estudos psicológicos e clínicos, o perfil de um pedófilo pode ser diferente de
um indivíduo para o outro. Não tem idade específica, atinge pessoas de todas as
classes sociais, raças, grupos étnicos, religiões ou estudos. Em geral os
agressores são do sexo masculino, mas também existem mulheres nesta condição. Os
agressores, em geral, não apresentam comportamento agressivo ou intenções de
que praticam tais atos. Eles planejam suas ações e escolhem suas vítimas com
cuidado e cautela para não chamar atenção, ou seja, não agem por impulso.
Há
relatos de pedófilos que são parentes e outros de desconhecidos que se
aproximam das vítimas pelos mais diversos meios. Por ser uma condição
psicológica e sem cura, como precaução, os agressores são submetidos a
introdução de remédios que possam baixar os seus níveis de testosterona e,
consequentemente, minimizar o desejo e preferência pela faixa etária infantil.
Preste atenção nos sinais da criança:
· As crianças se comunicam com o mundo por meio de
seus gestos, comportamentos e ações. Portanto, é importante que os pais prestem
atenção no que seus filhos fazem e como se relacionam com os estímulos aos
quais são expostos.
· Há casos de crianças vítimas de pedofilia que
ficaram retraídas, apáticas e sem respostas às suas atividades habituais sem
mesmo terem sofrido o ato físico, mas foram expostas a outros abusos que
comprometeram sua integridade física e emocional. Nos casos de violência corporal,
os hematomas são as evidências concretas e devem ser verificados por médicos e especialistas
no assunto para que os agressores sejam identificados e denunciados.
·
Fiquem alertas: quando uma criança demonstrar
algum tipo de aversão, medo, antipatia e até mesmo agressividade por alguém que
antes era de seu convívio normal, investigue com cuidado e cautela para certificar-se
se existe algo de errado e, desta maneira, não traumatizar a criança ou cometer
acusações infundadas.
·
Não force
aproximações com quem a criança demonstre repulsa ou não queira ficar próximo –
isso não significa que toda pessoa que a criança não goste possa ser um
potencial pedófilo, mas a respeite em suas escolhas independentemente da idade
dela. As vezes a criança não gosta de alguém por gratuidade e isso deve ser
respeitado.
·
Quando a criança usa muito a internet e não
permite que os pais saibam com quem se comunica, fique alerta e investigue.
Acompanhe sempre o que seus filhos realizam no âmbito virtual.
Recomendações:
·
Os pedófilos utilizam diversos meios para
escolherem suas vítimas e, em sua maioria, premeditam e esperam o momento
adequado para agirem. Portanto, evitem exposições de suas crianças nas redes
sociais e ou em grupos que possam ser abertos a todo tipo de público – as imagens,
vídeos e áudios podem ser copiados sem o seu consentimento e usados para outras
finalidades.
·
No caso de roupas, sempre aconselho as mamães a
colocarem shortinhos em baixo dos vestidos das meninas para protegê-las de sujeiras
e também sobre exposição desnecessária. Nos meninos, não acho saudável emocionalmente
o estímulo da masculinidade na infância, como se isso fosse importante para que
ele cresça como exemplo de homem. No caso de bebês, evite permitir que outras
pessoas façam a higiene e troca de fraldas da criança.
·
Na web, veja o que seus filhos fazem e quais os
tipos de vídeos que costumam assistir, já que as novas gerações nascem nativos tecnológicos
e por intuição navegam nos mais variados canais e temas na internet.
·
Acompanhe
os relacionamentos de seus filhos com amigos virtuais. Isso é importante, pois
muitos abusadores fingem ser outra pessoa, em geral da mesma faixa etária da
criança, para aliciá-la e convencê-la de um encontro ou mesmo troca de imagens,
áudios e vídeos supostamente inocentes.
·
Nunca deixe a criança ir sozinha para qualquer
tipo de encontro ou local sem a sua autorização e sem o conhecimento de quem
estará junto com ela. Ensine que a sinceridade e a indicação do que se faz é
importante para protegê-la.
·
Em banheiros públicos sempre acompanhem seus
filhos e nunca os deixem sozinhos e vulneráveis a qualquer tipo de exposição. Isso
vale também para quando a criança pede para fazer xixi em um estabelecimento e
os funcionários não permitem que os pais o acompanhem por questões de “segurança”
da loja - procure outro lugar.
·
Aconselhe, oriente e ensine suas crianças como
devem agir quando alguém tentar acariciá-las. Ensine que não podem ser tocadas
nas partes intimas por ninguém e caso alguém faça que elas tentem emitir sons como
um grito por exemplo para chamar a atenção de outras pessoas que possam ajudá-la.
Também, informem que quando alguém disser para “não contar para os seus pais”,
nestes casos, elas devem contar sim, pois certamente se trata de algo errado e
os pais irão protegê-la e nunca reprimir.
·
Ensine também para não aceitarem doces,
alimentos, bebidas e objetos de pessoas estranhas sem o consentimento dos pais.
Os agressores conquistam as crianças com o jogo de interesse e curiosidade
infantil.
·
Enfim, não existem regras, mas cautelas que
podemos adotar para minimizar possíveis momentos de vulnerabilidade e exposição
para a ação de pedófilos ou oportunistas.
·
Quem disse que seria fácil ser mãe e pai? O mais
importante é amá-los e protegê-los sem perder a doçura e a beleza de momentos
mágicos juntos. E conte sempre com o pediatra para tirar suas dúvidas.
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Sobre
Dra. Priscila Zanotti Stagliorio: é médica pediatra há mais de
dez anos, atua na zona norte de São Paulo, em consultório particular, no Pronto
Socorro do Hospital São Camilo – unidade Santana, e na rede Dr. Consulta –
unidades Tucuruvi e Santana. Em seu currículo possui diversas participações em
congressos, cursos de especialização e atuações em prontos socorros, clinicas e
ambulatórios médicos da grande São Paulo – Capital. Oferece curso personalizado
para gestantes e mamães com recém-nascidos, com o objetivo de ajudá-las na mais
importante missão de suas vidas: ser mãe. Para solicitar informações sobre os
cursos escreva para:
priscilazs@yahoo.com.br / dicasdepediatraemae@gmail.com - coloque no
assunto a informação que deseja saber e ou solicitar. O consultório está
localizado na Av. Leôncio de Magalhães, 395, Santana- SP / 11- 2977-8697.
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