Mimar as crianças faz bem
para a saúde
Saber dosar os agrados é o segredo para melhorar a infância e
eternizar os momentos
Por Dra. Priscila Zanotti Stagliorio
Pediatra e Médica de Emergência Infantil
Todas as mães já ouviram a famosa frase “não pode mimar as
crianças que depois você não vai conseguir controlá-las”. Será?! Eu como mãe e
pediatra posso afirmar que esta colocação é um tanto quanto exagerada e errada,
também.
Como seres humanos, todos nós, principalmente na infância,
precisamos de carinho, demonstrações de afeto, confiança e muitos estímulos
para sermos pessoas melhores. Isso é um fato.
Então, porque não
podemos mimar nossos filhos (biológicos ou adotivos) sendo que são um pedaço de
nós e fruto do amor entre duas pessoas?
Eu, particularmente, defendo a tese que saber mimar faz toda
a diferença, especialmente, na primeira infância e reflete positivamente para a
vida adulta.
Hoje os momentos com as crianças são tão disputados com
trabalho, estudos e compromissos “adultos” que sobra pouco ou quase nada de
tempo para externarmos o amor e a importância que eles têm em nossas vidas.
Sendo assim, não temos qualidade de vida emocional com eles, pois a culpa é
frequente e para minimizá-la, muitos pais acabam liberando tudo para seus
filhos com o objetivo de tirar o peso das costas.
No texto de hoje, vou elencar alguns pontos que podemos
praticar para mimar as crianças sem exagero e tornar o dia delas mais especiais
conosco. Vejam as minhas dicas:
Separe um horário na sua
agenda
- Se você não consegue estar presente fisicamente todos os
dias ou na quantidade de horas que gostaria com as crianças, tente separar um
dia da semana – pode ser no final de semana – para fazer atividades legais com
eles. Vale um passeio, assistir um filme, jogar bola, fazer a unha ou servir
como modelo para a criança pintar, pentear os cabelos e por ai vai. A
imaginação e a brincadeira podem ser ilimitadas e ambos vão se divertir muito!
Saiba ouvir
- Saber ouvir a criança é um dos fatores mais importantes.
Muitas vezes não levamos em conta ou damos a devida importância para o que eles
nos dizem por achar que “são coisas de crianças”, mas preste a atenção que no
diálogo e nas palavras ditas por eles pode conter mensagens que não percebemos
como, por exemplo, demonstração de sentimentos (tristes ou alegres),
necessidades (físicas e emocionais), desejos de vivenciar algo novo, como
também, um pedido de ajuda para alguma situação que ela não entende ou tem
medo.
Elogiar não faz mal
- Saber reconhecer quando a criança se esforça e mesmo quando
ela se “sai” bem em suas atividades é necessário para ajudar na formação de sua
autoconfiança. Assim como os adultos que gostam de ser reconhecidos no trabalho
e nos afazeres domésticos, por exemplo, a criança precisa sentir-se importante
para seus pais e familiares. Agindo assim, as chances de termos crianças
ansiosas, depressivas e até compulsivas são menores. Mas vale lembrar que não
adianta elogiar a cada minuto ou atitude que a criança tiver, é importante
saber identificar as melhores e ou que são símbolo de superação para ela. Desta
forma não criamos superegos ou crianças que acreditam que o mundo deve
servi-las.
Ame-as de acordo com a
sua faixa etária
- Não é porque a criança já sabe formar frases aos dois anos
que você deve agir como se ela tivesse cinco anos. Calma, cada criança tem uma
evolução diferente, algumas mais rápido e outras menos. Lembre-se, cada faixa
etária precisa de atenção especial. Não atropele ou prolongue nenhuma delas.
Respeite as “infantilidades” de cada idade e permita-se interagir de igual
comportamento quando necessário. Um exemplo bom que eu sempre cito é quando uma
criança lhe oferecer um objeto fingindo ser um telefone, não a ignore, responda
como se estivesse falando com alguém do outro lado da linha e você vai ver os
olhinhos dela brilhando! Isso fará bem para todos e ao mesmo tempo cria laços
de afetividade e confiança.
Presentes são bem-vindos!
- Na cultura brasileira o presente faz parte do pacote de
demonstração de carinho, amor e homenagem para quem recebe. Para a criança, o
presente significa muito mais, como a certeza que o papai Noel existe, que a
fada do dente não se esqueceu dela quando deixou o dentinho embaixo do travesseiro
ou mesmo que o coelhinho da páscoa “botou” àquele ovo de chocolate que ela
desejou. O mais importante não é o presente e sim a presença que podemos
oferecer para nossos filhos. Presentear faz parte do processo da infância, mas
exagerar não é legal e isso pode variar de família para família, classe social
e até costumes culturais. Agradar os nossos pequenos faz bem para nós também,
pois afinal de contas, seria uma vida chata se não pudermos comprar aquelas
besteirinhas que eles amam por cinco minutos e depois deixam de lado, não é!
Viva o presente e sinta
as emoções
- A infância passa tão rápido! Hoje eles têm um mês e amanhã
já estão com 10, 15, 20 anos e parece que o tempo voou. Aproveite cada momento,
registre com fotos, vídeos e até cadernos autobiográficos. A memória é falha e
esses recursos serão valiosos no futuro. Mas o mais importante,
independentemente de qualquer outro fator, é viver verdadeiramente os momentos
e sentir as emoções que eles nos proporcionam. Assim não teremos remorso ou
vontade de voltar no tempo para reviver aquilo que não pudemos por causa de
motivos fúteis ou desnecessários que poderiam ter esperado. Lembre-se: as
crianças são movidas por emoção, amor e afeto. Os bens materiais são
necessários para garantir conforto, segurança e comodidade, mas não podem ser
referência única de uma vida feliz e plena, pois podem acabar a qualquer
momento. O hoje só acontece uma vez! Não podemos voltar no ontem e também viver
o amanhã sem construir o hoje. Ame, ria, chore, grite, cante, corra, abrace,
durma de conchinha ou agarradinho com seus filhos, diga que são importantes e
que tem orgulho de tê-los em suas vidas, assim como foram desejados e pedidos
para chegarem em seus lares. O amor pode ser externado de muitas maneiras,
encontre a sua e viva a melhor que se enquadra ao seu perfil e de sua família!
Sejam felizes ao seu modo!
Não se culpe tanto
- Diferente dos nossos pais e avós, as novas gerações de
filhos não podem mais viver períodos prolongados em seus lares, pois muitos de
nós (assim como eu) precisam trabalhar fora o dia todo e, por conta disto, as
crianças ficam período integral nas escolas, com babás ou cuidadoras de nossa
confiança. Muitos pais, por terem essa jornada de trabalho e ausência na vida
de seus filhos sentem-se culpados e sofrem. Calma, não se sinta assim e muito
menos tente compensar sua falta com bens materiais ou liberdade demais. Saiba
dosar e entenda que o custo de vida, assim como a vida dos pais de hoje são
muito diferentes de 30, 40 anos atrás. Portanto, aproveite os momentos
possíveis e os viva plenamente. Jogue a culpa para quando exagerar no
brigadeiro ou na pizza de final de semana!
O poder de amor do
pediatra
- Além de avaliações físicas e de saúde, nós pediatras também
exercemos o poder do amor em cada consulta que realizamos, pois quando uma
criança chega no consultório, seja no ambulatório ou pronto socorro infantil,
temos de ter a sensibilidade de saber ouvir, respeitar, elogiá-los pela coragem
de tomar medicações (por exemplo), assim como viver a emoção do abraço de
agradecimento, do olhar triste e aflito dos pais ao pedirem ajuda e na alegria
da equipe ao saber que a criança se recuperou dentro do esperado e pode ter
alta. São momentos e emoções, além de mimos que nos tornam especiais na vida de
quem amamos. Mime seu filho com moderação e terás ótimos resultados no presente
e no futuro!
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Veja também:
- Saúde das Crianças na Escola
Sobre Dra.
Priscila Zanotti Stagliorio
É
médica pediatra há mais de dez anos, atua na zona norte de São Paulo, em
consultório particular, no Pronto Socorro do Hospital São Camilo – unidade
Santana, e na rede Dr. Consulta – unidades Tucuruvi e Santana. Em seu currículo
possui diversas participações em congressos, cursos de especialização e
atuações em prontos socorros, clinicas e ambulatórios médicos da grande São
Paulo – Capital. Oferece curso personalizado para gestantes e mamães com
recém-nascidos, com o objetivo de ajudá-las na mais importante missão de suas
vidas: ser mãe. Para solicitar informações sobre os cursos escreva para: priscilazs@yahoo.com.br / dicasdepediatraemae@gmail.com
/ contato@jcgcomunicacao.com - coloque no assunto a informação que deseja saber
e ou solicitar. O consultório está localizado na Av. Leôncio de Magalhães, 395,
Santana- SP / 11- 2977-8697.
Colaboração textual:
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